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Do interior de SP para o mundo: artista que iniciou carreira com ateliê improvisado em marcenaria expõe em mais de 20 países

Obra Sonho de Fitzcarraldo de Henrique, artista de Ourinhos, exposta na França Henrique Oliveira Studio/ Reprodução Compensados de madeira, galhos, canos de ...

Do interior de SP para o mundo: artista que iniciou carreira com ateliê improvisado em marcenaria expõe em mais de 20 países
Do interior de SP para o mundo: artista que iniciou carreira com ateliê improvisado em marcenaria expõe em mais de 20 países (Foto: Reprodução)

Obra Sonho de Fitzcarraldo de Henrique, artista de Ourinhos, exposta na França Henrique Oliveira Studio/ Reprodução Compensados de madeira, galhos, canos de PVC, tapumes e até um sofá sem uso. Todos esses materiais, muitos recolhidos nas ruas, são matéria-prima para as esculturas do artista plástico Henrique Oliveira e que já puderam ser vistas e apreciadas em mais de 20 países. Natural de Ourinhos (SP), os primeiros contatos de Henrique com as artes foram as aulas de pintura que frequentou no período em que se mudou para São Paulo, aos 16 anos. O incentivo veio de um artista amigo da mãe de Henrique. As aulas aconteciam em paralelo ao curso de comunicação, como explica o artista em entrevista ao g1. 📲 Participe do canal do g1 Bauru e Marília no WhatsApp “Quando me mudei pra capital eu não conhecia muita gente, então passava o tempo em casa rabiscando ideias e desenvolvendo algumas linguagens. Mas eu não tinha a referência de ninguém que era artista profissional. Eu não sabia que eu podia trabalhar pintando quadros, pensava que tinha que empregar meu talento numa área prática. Só com 18 anos fui pela primeira vez em um museu, o MASP”, lembra. De volta a Ourinhos, aos 23 anos, Henrique iniciou, realmente, a jornada como artista em um espaço que foi improvisado como ateliê. Veja abaixo os vídeos mais acessados no g1: Veja os vídeos que estão em alta no g1 “Foram quase dois anos estudando por conta própria e trabalhando num ateliê improvisado numa marcenaria semiabandonada que meu pai tinha desde os anos 80. Nessa época, no interior, eu não precisava de muito para viver. Era tudo muito simples. Com 25 anos decidi prestar vestibular para artes plásticas e fui estudar na USP onde aconteceu minha formação.” Escultura do artista de Ourinhos em exposição Henrique Oliveira Studio/ Reprodução Expansão da carreira Foi também na cidade natal que Henrique fez a primeira exposição, em 1997, no Teatro Municipal de Ourinhos. A partir daí, ele recebeu outros convites para expor em cidades do país e voltou a morar em São Paulo, visando a expansão na carreira artística. “Entre 1999 e 2007, em paralelo a minha prática de pintura, eu comecei a fazer colagens e instalações. Aos poucos comecei a participar de exposições[...] Em 2006 fiz a minha primeira individual em uma galeria do circuito. A partir daí minha carreira começou a deslanchar e passei a viver apenas da minha profissão de artista”, conta. Henrique ressaltou ainda que foi um período também bastante favorável para as artes no país e as impulsionou no exterior. “Na primeira década dos anos 2000 houve um salto econômico no país e um desenvolvimento excepcional do mercado de arte. Era uma época em que surgiam novas galerias em São Paulo, novos colecionadores. Havia investimento em instituições públicas como a Funarte e o Centro Cultural São Paulo. Isso tudo ajudou a promover a arte brasileira no mundo.” Sofá foi utilizado na criação de uma das obras do artista em Ourinhos Henrique Oliveira Studio/ Reprodução Trabalho no exterior Do início das mostras e exposições em Ourinhos, depois em São Paulo e tantas outras cidades do Brasil, a obra de Henrique chegou ao exterior. A primeira participação foi em uma exposição coletiva em Paris, em 2005. Dois anos depois, o artista realizou sua primeira mostra individual no México. Na lista tem ainda Estados Unidos, Argentina, Alemanha, Noruega, Reino Unidos e tantos outros, incluindo duas exposições no Japão, além da que ainda está aberta em Taiwan. “Ultimamente eu tenho feito muitas exposições na Europa. Em boa parte destes países a arte faz parte do cotidiano das pessoas nesse, é um elemento cultural. Na França, por exemplo, eu percebo que a arte ocupa um lugar próximo, em importância, do que seria a música popular no Brasil. As pessoas conhecem os artistas, vão aos museus e às galerias.” Escultura feita com tapumes Henrique Oliveira Studio/ Reprodução “A minha impressão é que eles veem na arte brasileira um sopro de renovação. A proximidade da língua latina também permite uma conexão mais forte, como uma curiosidade por um parente distante”, completa Henrique sobre a receptividade das obras fora do Brasil. A conexão com a França também rendeu premiações ao artista, entre elas, o prêmio Pierre Cardin, na categoria escultura, pela Académie des Beaux-Arts de Paris. Henrique também recebeu premiações no Japão, no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre elas a de destaque do ano em 2011 pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Embora atualmente o trabalho do artista esteja concentrado na Europa, principalmente em Londres, Henrique reforça suas origens no interior de São Paulo, inclusive na sua arte. “Em Ourinhos eu cresci em proximidade com a natureza. Quando era criança ia com os meus pais para chácaras na beira de lagos. Já adolescente eu ia acampar com meus amigos, fazia trilha nas matas, banho de cachoeira e andava de caiaque pelos rios que cortam o município. Acho que isso aparece, ainda que indiretamente, no meu trabalho até hoje.” Sempre que pode vir ao Brasil, ele ressalta que tenta visitar a cidade, onde o pai e o irmão ainda moram. Henrique utiliza compensados de madeiras, galhos e outros materiais que recolhe das ruas em suas esculturas Henrique Oliveira Studio/ Reprodução Exposição em Tawain Pela primeira vez, Henrique levou suas obras para Tawain. Até 29 de março de 2026, ele participa da Bienal de Taipei. O artista falou sobre a expectativa para a exposição e sobre a experiência de ter trabalhado na escultura no país. “Em Taiwan eu encontrei materiais muito interessantes para fabricar minha obra. Acho que pela primeira vez estive em um país onde a presença de compensados usados é tão grande quanto no Brasil. Estou curioso para ver como as pessoas vão reagir ao ver este material tão presente no seu dia a dia, transformado na linguagem que emprego na minha obra.” Artista de Ourinhos está em exposição em Taiwan Instagram/ Reprodução Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília