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Rússia diz que 'será obrigada' a fazer testes nucleares caso os EUA façam o mesmo

Putin e Trump Sputnik/Alexander Kazakov/Pool via REUTERS; REUTERS/Leah Millis A Rússia realizará testes nucleares caso os Estados Unidos o façam, afirmou nes...

Rússia diz que 'será obrigada' a fazer testes nucleares caso os EUA façam o mesmo
Rússia diz que 'será obrigada' a fazer testes nucleares caso os EUA façam o mesmo (Foto: Reprodução)

Putin e Trump Sputnik/Alexander Kazakov/Pool via REUTERS; REUTERS/Leah Millis A Rússia realizará testes nucleares caso os Estados Unidos o façam, afirmou neste domingo (9) um porta-voz do governo russo. ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse em entrevista à emissora russa "Russia 1" que Moscou não pretende violar a proibição de testes nucleares, porém "se virá obrigada" a realizar testes nucleares caso os EUA o façam primeiro, em um movimento espelhado. "(O presidente russo Vladimir) Putin declarou repetidamente que a Rússia continua comprometida com seus compromissos de proibição de testes nucleares, e não temos intenção de fazê-lo. (...) Se outro país violar os compromissos relacionados à proibição de testes nucleares, a Rússia terá de fazer o mesmo para manter a paridade”, disse Peskov. A fala de Peskov ocorre após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado no final de outubro que autorizou seu governo a retomar os testes nucleares após mais de 30 anos. Trump acusou a Rússia e a China de ter realizado testes dessa natureza, que são proibidos por tratados internacionais. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Nesta semana, o governo russo buscou mais explicações do governo americano sobre o que Trump quer dizer com suas falas de testes nucleares. Também neste domingo, Peskov frisou ao jornal "VGTRK" que Putin não deu nenhuma instrução para que o Exército inicie preparativos para testes, e que "o governo russo busca entender se devemos fazê-lo". Peskov também disse à "Rússia 1" que os testes realizados nas últimas semanas com o míssil Burevestnik e o torpedo do fim do mundo Poseidon, ambos armamentos capazes de carregar ogivas nucleares, não configuram testes nucleares e que tais especulações seriam "superficiais e incorretas". Trump mencionou esses testes como justificativa para sua decisão. A decisão de Trump gerou condenação internacional tanto dos governos russo e chinês quanto por organizações internacionais, como a ONU e a CTBTO, que regula o uso de armas nucleares no mundo. Os EUA e a Rússia estão atualmente em uma escalada de tensões por desavenças sobre a guerra na Ucrânia e testes russos recentes com armas capazes de carregar ogivas nucleares. Os EUA e a Rússia são as duas maiores potências nucleares do mundo e têm mais de cinco mil ogivas nucleares cada, segundo dados divulgados pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês) em janeiro deste ano. A China está expandindo rapidamente seu arsenal e nos últimos cinco anos dobrou seu arsenal nuclear, de 300 ogivas para 600, segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS). Nenhum país além da Coreia do Norte executou uma detonação nuclear nas últimas décadas. Rússia e China não realizam testes do tipo desde 1990 e 1996, respectivamente. Segundo a Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBTO, na sigla em inglês), seis testes nucleares foram conduzidos no mundo no século XXI. O secretário-executivo da organização, Robert Floyd, afirmou que qualquer teste do tipo seria capaz de desestabilizar a segurança mundial. O Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT), que proíbe os testes de armas nucleares, foi assinado por 186 países em 1996, incluindo todas as potências nucleares à época: EUA, Rússia, Reino Unido, França e China —a Coreia do Norte não é signatária. O tratado, no entanto, nunca entrou em vigor. Trump acusa Rússia e China de fazer testes nucleares secretos Trump ordena que Departamento de Defesa inicie testes com armas nucleares Trump afirmou no domingo (2) que países como Rússia e China realizaram testes nucleares subterrâneos secretos e que, por isso, ele pode fazer o mesmo. Trump, no entanto, não forneceu provas para embasar a acusação. "A Rússia testa [armas nucleares], a China testa, mas eles não falam sobre isso. Por mais poderosos que sejam, este é um mundo grande. Você não necessariamente sabe onde eles estão fazendo os testes (...) Eles fazem testes em locais de grande profundidade, onde as pessoas não sabem exatamente o que está acontecendo", afirmou Trump em entrevista à TV americana "CBS". Questionado pela "CBS" se planeja que os EUA detonem uma arma nuclear pela primeira vez em mais de três décadas, Trump respondeu: "Estou dizendo que vamos testar armas nucleares como outros países fazem, sim". "Não quero ser o único país que não realiza testes [nucleares]", acrescentou Trump, acrescentando Coreia do Norte e Paquistão à lista de nações que supostamente testam seus arsenais. "A China sempre aderiu ao caminho de um desenvolvimento pacífico, segue a política de não ser a primeira a usar armas nucleares, defende uma estratégia nuclear de autodefesa e respeita seu compromisso de suspender os testes nucleares", afirmou a porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em resposta à acusação de Trump. Tensão nuclear Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. ROBERTO SCHMIDT / AFP Donald Trump anunciou no final de outubro a retomada dos testes nucleares na quinta-feira passada em suas redes sociais, minutos antes de entrar em uma reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul. Poucos dias antes, a Rússia anunciou os testes de um novo míssil de cruzeiro com propulsão nuclear, o Burevestnik, e de um drone submarino com propulsão e capacidade nuclear. O secretário de Energia de Trump, Chris Wright, minimizou no domingo a possibilidade de Washington detonar uma explosão nuclear. "Acho que os testes de que estamos falando agora são testes de sistemas. Não são explosões nucleares", declarou Wright em uma entrevista ao canal Fox News. "Estes são o que chamamos de 'explosões não críticas', então você está testando todas as outras partes de uma arma nuclear para garantir que entreguem a geometria apropriada e preparem a explosão nuclear", disse. O governo dos Estados Unidos assinou em 1996 um tratado de proibição total de testes nucleares com fins militares ou civis.